domingo, fevereiro 27, 2005

A chover...

A cada gota de chuva calcula-se a percentagem de atingir o corpo, de molhar os pensamentos e de ensopar os sentidos. Gotas frias e grandes caiem junto da janela, mesmo aqui tão perto desta protecção de vidro, que apenas apazigua o som agudo e áspero das partículas que deslizam pelas portadas. Um dia escuro, mas apenas de aparência, nuvens pesadas dessa água que acalma o sentir e refresca os movimentos pesados, comparados com a sua leveza…
Dessa transparência não densa, surgem as formas mais redondas, repletas e vagas…depressa se fundem pelo soalho, que sempre avisa o ponto de chegada ou de partida para quem o pisa.
Quebram o silêncio e sonorizam como pequenas batutas que acompanham o tempo. E de si chegam sinais de frio e de arrepios, invadem o céu e pintam o dia num só tom cinzento.

sábado, fevereiro 19, 2005

de(votos)....

Surgem as campanhas...
As prometidas mudanças...
as mesmas promessas de vidas felizes...
e dias coloridos...
O primeiro dia do resto das nossas vidas...
e contam-se as cruzes...deste povo....
que ainda assim teima em fingir que acredita...
Pilham-se as palavras...
e os rastilhos estão prestes a queimar...
Um acto de consciência...que afinal, não se é capaz de levar a sério.
Ficam as esperanças e vontades...
Mas, vamos ainda assim a votos...embora menos devotos...
mas não se esqueçam, que afinal o prometido é devido....

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

Aquário de gente...

Um aquário de gente, que rodopia e volta a girar. O mesmo aquário onde as vontades se percipitam e onde cada um se desloca para um fim, mas por barreira o vidro é sempre o limite dos que tentam alcançar a saída. Este espaço aquático de percipitações, de troca de olhares, de cruzamentos distantes, de vidas agitadas e pouco repletas, de dias vagos e de rotina vincada nos corpos. Bolhas que deviam ser de respiração, elemento vital à sobrevivência são desabafos em tom de descompressão. Estes peixes a que me refiro e que deviam de flutuar, são porém peixes com membros e as barbatanas sao apenas apendices fictícios...podem ser girinos porque se enquadram perfeitamente dentro de um aquário, nunca no mar, porque esse é demasiado libertador e vasto para o ser que por natureza se habitua a ser limitado...Hoje imaginei o Homem dentro de um aquário(sociedade) e não o consigo daí retirar, talvez porque a sua perfeita condição se espelhe nestes vidros, nas paredes deste aquario...