domingo, janeiro 15, 2006

Monólogo...

Nos olhos pálidos pela falta de brilho, caem os dias, caem as noites. Escorregam as esperanças e alastram-se pelo corpo num cansaço trémulo, nesse mesmo cansaço já há muito anunciado mas adiado. A brisa arrefece a face, já não se reconhece, já não conhece outros propósitos além dos mesmos de sempre. Os mesmos fardos injustos e pesados. O relógio marca o atraso de viver a conta gotas. Somente o coração não abandona essa cor quente que inflama os poros. Ai comporta todos os sorrisos trémulos, adia todos os silêncios, aqui sente tremer cada toque, cada lembrança e cada nova chegada sua, dele…chegadas a dois e por vezes a sós.
Desdobra-se no tempo em mil pedaços, para perceber o que já não entende. Abandona-se a si na esperança de assim abandonar o que sente. E depois entre as palavras que se perdem, entre as interrogações que ficam permanece o mesmo feitiço de sempre. Desgarram-se os sentidos nessa batalha feroz, mas frágil. E onde fica esse lugar a salvo? Onde se preenche os vazios? Como a areia que escapule por entre os dedos, assim lhe foge o que anseia. Desfaz-se em qualquer coisa se possível, para que este rumo mude de direcção. Para que esta ferida que não sara, cicatrize. E ao menos se pudesse deixar de ouvir esse tic- tac do coração, essa batida frenética do gostar que entoa e faz eco no corpo todo. Ainda assim…seria mais fácil deixar de querer. E nos dias gastos sobram as sombras geladas como gumes perdidos, por falta desse sentir que abarca o espírito.

quarta-feira, janeiro 04, 2006

Visão anual II...

Lisboa com centro do meu mundo, rodeada pelas fronteiras da terra que sempre me circunscreve o Alentejo.
Sabia que este ia ser o ano das grandes batalhas, não receie as conquistas mas temi sempre as despedidas.
Andei na anciã de alcançar as metas e na saudade que elas implicavam. Pedi ao tempo para voltar, para parar, para ficar ao menos (ele o tempo), por mais tempo…
Mas ele não parou…Então agora já noutro ano…olho para trás…
E revejo cada momento com saudade e parece que não, mas é bom ter saudade é sinónimo de felicidade…
Terminei o curso e ainda agora me parece que a minha mãe me estava a entregar na sala da escola primária, para o meu primeiro dia de aulas.
Foi óptima a companhia de todos vocês…simplesmente foram quatro anos fantásticos.
Um óptimo verão pela companhia de sempre nos locais de sempre onde nós já nos confundimos com o espaço, porque afinal até já acho que somos unos. (Malhão…Ilha de Tavira, Carvoeiro e todas essas paragens as quais um bom filho sempre a casa retorna).
Depositei todas as peças sobre o tabuleiro e esperei pelos xeques-mates. Tardaram mas ensinaram-me a ser paciente. Sai de Lisboa, em minha mente parecia algo impossível. Terminara mais um ciclo…deixei de viver com os fantásticos, com a família, éramos uma espécie de livro os cinco. Mas é uma etapa amigos (vocês que sabem quem são) e cada um está a seguir o seu rumo e alias estamos sempre por perto, porque nós nunca nos separamos, porque andamos sempre a par e passo porque afinal são esses os verdadeiros amigos. De volta ao Alentejo, a aguardar mais uma vez pelo tempo. Novos hábitos, novas rotinas, novas caras…e termina o ano num misto de alegria e saudade.