quarta-feira, março 29, 2006

Ervas daninhas...

As ervas daninhas andam espalhadas na estação típica que as faz reflorescer, crescem entre as pedras brancas e cinzentas da calçada. Cubos delineados de verde, sapatos escorregam como que em cascas de bananas. Mas não são só as pernas que caem, e não é só o soalho que as acolhe. Andam por aí entranhadas em corpos compactos que deixam procriar musgo nas juntas do ser. Entre os ossos crescem como sinal de abandono, e espadem-se por o espaço vazio onde apenas músculos mantém a manutenção de alguém que possui cabeça, troco e membros, mas que não habita este espaço estrutural. E a massa encefálica acolhe as sementes e com a humidade dos dias frios da mente produzem-se e alastram-se. Corpos adiposos, corpos esguios, tudo com boas condições climatéricas capazes de fazer a germinação. Cedem, descuidam-se elas crescem e não há pesticida que as mate.
Imagem: retirada da internet

segunda-feira, março 27, 2006

uma hora a menos, uma hora a mais...

A mudança da hora sempre mete os ponteiros do corpo ao contrário. Sempre me transporta em segundos lentos, em adaptações estranhas que o organismo não se habitua facilmente. Dá-me a sensação de dormir cedo de mais e acordar quando ainda é inadmissível abrir os olhos. Depois andar uma hora para trás de inverno e uma para a frente de verão, só pode causar uma sensação de regresso ao passado e regresso ao futuro. Os movimentos hoje andam tardios, as ideias andam penduradas no tempo e o relógio ainda esta na hora antiga. Falta-me paciência para acertar um novo hábito ao qual o corpo ainda não responde. Os cafés andam a remediar esta disfunção cerebral, andam a fazer a ponte de ligação. E o estômago esse sempre lhe parece demasiado cedo para encher. E agora aqui vou eu almoçar mas apenas porque o horário diz que sim.

quarta-feira, março 22, 2006

Pensamento do dia...

...Ando a pensar, sem pensar muito no que penso...

Acho que foi este o pensamento do meu dia de hoje!

terça-feira, março 21, 2006

OPA'S

Há algo que me anda a fazer uma tremenda confusão, algo que faz fervilhar regos de veias sem direcção que dão estalos no cérebro. E então lá tento encontrar uma justificação, para tantas diferenças de bolsos, de carteiras ou como lhe queiram chamar. Resumidamente a acentuada discrepância entre o rico e o pobre. Há uns anos que oiço dizer que os portugueses tem de apertar o cinto, e eu ando com ele no último furo. Ando a fazer ginástica, a esticar, a dar várias utilidades de maneira proveitosa, a inventar fundos a guardar os trocos de 5 cêntimos, de 1 cêntimo enfim...a fazer o que a população anda a fazer em geral. Mas depois ligo a televisão, ligo o rádio e a mente e nos ouvidos ecoam OPA'S...acho que muitos ainda não perceberam o significado disto...então não são mais que ofertas públicas de aquisição. E depois pergunto então mas nós não andamos pobres? não andamos em aperto ou são apenas alguns?...Ainda temos condições de fazer OPA'S, derrepente tudo quer adquirir tudo...Portugal o país que não corresponde ao nível da união europeia...mas em grande escala de vamos comprar-nos uns aos outros...! E eu a pensar...afinal qual é a nossa situação? Assim até parece que somos grandes (ricos, desenvolvidos)...e depois seguem as notícias...o desemprego despara, o endividamento das famílias aumenta, as dívidas ao fisco sobem, o consumir bens hoje mais parece uma relíquia , pagamos portagem...e depois penso, não afinal está tudo na mesma...ainda acordei em Portugal...

P.S - e eu adoro este País não suporto é o que fazem com ele...

Cartoon de Luís Afonso....brilhante como sempre e ilustra bem a situação...

quinta-feira, março 09, 2006

Passatempo, actividade da mente...imaginário!

Há por ai muitas vidas que me interessam...muitas mesmo. Todos os dias desço e subo essa calçada, daquelas que os saltos altos detestam e que quando ando com sapatos sem altura me desfaço em agilidade. Enfim essa mesma calçada conduz-me sempre ao mesmo local, mas nem queiram saber a diversidade que ela contém. É povoada por seres que o meu imaginário tenta decifrar, sempre tive este passatempo de tentar adivinhar, supor, alegar hipóteses, presumir, conjecturar e todos esses adjectivos possíveis que definem a minha actividade cerebral de tentar perceber o que fazem e como são cada um destes seres da calçada. A mulher de verde, nome que lhe atribui bem poderia ter o nome de Teresa. Monetariamente parece não apresentar qualquer problema visto o carro que ostenta, parece ser segura de si e uma mãe de família daquelas que deixa os filhos no colégio antes de vir para o trabalho. Daquelas que não se preocupa com o almoço porque o marido não almoça em casa, os filhos comem no refeitório da escola e ela come uma sopa para manter a linha, no mesmo restaurante de há anos. O homem do casaco de pele, passado de moda há anos, com uns óculos que não o favorecem é o típico chefe de família que passa férias em Quarteira, imagino que seja aferidor de balanças ou algo do género. A mulher cusca nome apropriado para quem tem pinta de vizinha que sabe todas as novidades do bairro. Que se desfaz em simpatias e em seguida roga pragas. Daquelas simpatias hipócritas como lhe costumo chamar. E o Joaquim (nome artístico da minha mente), homem porreiro para beber uns copos, para petiscar, para rir...o típico acolhedor que faz os turista apreciar a simplicidade e levar recordações de boa gente! Tem cara de oferecer vinho tinto, chouriços e iguarias da região. Mas nesta rua estreita há algo que me transcede nesta rotina matinal. O homem da carrinha cinzenta, nunca o vi em actividade, nunca o vi para além da cintura encontra-se sempre no mesmo sítio dentro do automóvel de mercadorias , e entre o vidro vejo o bigode e pouco mais... parece aguardar eternidades. De manhã já lá está, a hora do almoço lá está....então pensei deve esperar por alguém que trabalha por aqui...mas depressa se me desfez essa hipótese. É que ele passa ali horas em excesso...em demasia para esperar...podia ir beber café, sair do mesmo local de sempre, ir dar uma volta e depois regressar mas não...só me faz pensar será que o homem da carrinha é espião?

quarta-feira, março 08, 2006

Inutilidade...

Desculpem-me os metódicos, os organizados, os que tem post-its amarelos pela secretária, pela mente e pela vida. Desculpem-me mas não consigo seguir uma rotina, não consigo planear o meu dia, não encontro espaço para a arrumação das minhas horas. Decidi então deixar de tentar dar utilidade a uma agenda...sempre me pareceu adulto querer ter um caderninho que me alertasse para tudo o que é essencial, eu juro que o comprei vezes sem conta...que nos primeiros dias me esforcei para escrever o que não me esquecia de ter de fazer, mas insistia para ter a sensação de ter uma vida repleta de actividade...mas decididamente agendas não são para mim...! Tinha a sensação de estar a escrever para mostrar aos outros: - olha repara hoje não tenho tempo, amanhã ainda pior e depois nem queiras saber...compromissos e mais compromissos...e afinal no bloco de argolas até parece muita coisa e afinal depois quantificado é apenas a vida normal...trabalho, exposições, cinema, família, desporto, sair com os amigos e essas coisas úteis dos dias...Cheguei a conclusão que agendas apenas servem para tentar vislumbrar a mente dos que precisam de se lembrar que têm uma vida...e depois alguns de vocês podem estar a pensar: - Isso talvez sejas tu que tens poucas coisas para fazer, então é fácil lembrares...pois eu digo tenho muitas mas são tão intrínsecas que é impossível me esquecer de viver e do que me faz viver...mas pronto para quem gosta de agendas eu tenho é boa memória ok!

segunda-feira, março 06, 2006

Fragmentos...

Há muito tempo ou não há tempo assim, afinal o espaço sempre parece longínquo quantificado em datas mas curto em vivências. Andava eu não ideia de ser publicitária mas sem saber ao certo a vocação. Acho que ainda hoje não sei, é que a dúvida sempre me suscita, certezas é algo que não permanece em mim. Pode ser defeito eu digo mais que é feitio mas as opiniões são dispares por isso aceito qualquer adjectivo. Enfim na faculdade propuseram a leitura de um livro intitulado: “Cartas a um Jovem Jornalista”, inconscientemente vi-me tentada a ler. Acho que o bichinho já estava criado mas a minha mente tinha ainda outro intuito que era a aclamada criatividade da Publicidade. Levei umas horas a ler, sublinhei voltei a ler vezes sem conta afinal eu tinha a hipótese de ir para Jornalismo. Televisão não me suscitava qualquer tipo de interesse considerava-a um debitar de conteúdos sem interesse. Rádio, fazia-me associar a grandes vozes, a minha passa despercebida num grupo de dez pessoas quanto mais em milhares, só o sotaque do sul me distingue e isso fora do meu habitat. Mas jornais, esses sempre me tisnaram os dedos, a escrita sempre me perseguiu em blocos de notas, em folhas rasgadas enfim várias vezes em mente. E eis que o livro me mostrava agora o tempo do jornalismo, e percebi que os diários tem o ciclo de vida de um dia. O autor dizia que jornais velhos servem para limpar as pingas da tinta no soalho, para enrolar copos nas mudanças, para atiar o fogo… já ninguém quer ler notícias de ontem! Hoje tive essa prova, sai da redacção para ir fazer uma reportagem, cheguei ao local e mesmo diante os meus olhos uma parede branca coberta de jornais desmembrados em folhas soltas misturados por os vários títulos nacionais serviam de decoração do evento…Olhei mais a fundo e começo a ver bocados de notícias escritas por mim, essas mesmas linhas que me tiraram o sono, que troquei mil vezes as palavra em procura de um melhor significado pregadas aos pedaços num mural, sem nexo, sem sentido, a servirem de papel de parede…Só um sorriso me brotou na face, confirmei o livro que me tinha feito pensar no jornalismo, pensei no que fazia e deu-me gosto fazê-lo, afinal não é o tempo que conta mas a intensidade do momento…e depois quando percorro os arquivos dos jornais e leio notícias de épocas muito anteriores percebo que me fazem rever o passado melhor do que qualquer história! E acreditem que há por aí autênticas relíquias em arquivos, afinal ainda há lugares que perpetuam as notícias de hoje que para alguns já são velhas amanhã…mas é isso que faz a essência…Que hajam muitas mais notícias velhas todos os dias, para que possa dar muitas mais novas todas os outros dias que faltam percorrer…