segunda-feira, abril 24, 2006

Sabes a que sabe a vida?


Em pequenos passos de abrir olhos, e despertar para bocas famintas de ar.
Em retalhos de deslizes de mãos que querem tocar o sol (sim ele arde), mas o voo do limite é sempre o mais desejado e ele nunca arrefece, como quem se perde sem saber viver. Eu sei que ele queima as faces, mas é num sopro que se alivia. Esse ar frio do vento que roda em círculos como se fosse um vinil e que marca em batutas, passos gigantes de homens, grandes e pequenos de tamanho S e XL...
Desabrochar cada minuto como se em folhas de clorofila escorre-se sabedoria e se escrevesse da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda, tanto faz. Verde a perder de vista, azul a afundar-me em poças de água, que fazem mais por mim do que qualquer sapato de verniz. Ter a língua a saber a cerejas, morangos, ameixas desse vermelho maça. Enrolo o cabelo em novelos, sem pressa do tempo, tiro a corda ao relógio e soletro pedaços de coisas genuínas, de risadas, de conversas com nexo e sem sentido, de abraços apertados, de vozes cúmplices, de simplicidade, de pessoas que são bandeiras na minha existência, de tempo que não corre. A Vida despe-se e é nudista, é sabe a sal misturado como açúcar. Sem coalho nem filtro, sabe no seu estado liquido, com impurezas e sabe a calor daquele que transpira da pele. A vida sabe ao que sabe...e cada um lá sabe ao que lhe sabe.

quarta-feira, abril 19, 2006

Oiço Violinos no Telhado...

Sabes o que estou a ouvir?
E eu – não! O que é?
A banda sonora de um filme que vi ao teu lado. Violinos no telhado.
Estrelinhas que tocam em notas de sol, telhas partidas e musgo entre as sílabas das melodias.
Nas mesas brancas, com as pernas azuis sentamo-nos como sempre em cima do tampo. Olhámos pela película numa parede. E entre essas paredes brancas ali ficávamos horas, mais por obrigação do que por outra coisa, mas nesse dia tivemos de vontade. E se pudesse recuava a todos eles e juro-te que deixavam de ser uma obrigação, e queria apenas o simples facto de te ter por perto. Hoje ainda oiço violinos no telhado cada vez que me recordo de ti...amigo:)

terça-feira, abril 18, 2006

Procura-se Comprador...

Diz-me lá quanto custa essa moeda? Quantos dedos a fazem rolar sem a ela pertencerem. Diz-me lá qual é o teu preço, desse valor material sem beleza de frustração de ódios.
Diz-me se te vendes por tão pouco, por um bocado de lata e olhos radiantes de ambição. Eu dou-te bocados de maçãs puras, gotas de águas de sal, asas de pássaros, bocados de terra e odores em cordel, mas creio que será pouco para ti, os teus pés querem antes papel com caras de homens e símbolos da união europeia vincados, querem antes vertigens de apegos monetários sem gozo. Vive antes nessa vida faz-de-conta, e já não há bolas de sabão que te lavem, tens as mãos sujas e a pele a cheirar a esse bafo do níquel sujo e moribundo que provoca a discórdia.
Diz-me quanto custas, que eu não te compro.

segunda-feira, abril 17, 2006

?

Como se tiram nuvens que toldam da mente e do músculo?

sábado, abril 15, 2006

Só por o mundo ser redondo...

Porque a Páscoa afinal têm crentes ou des(crentes)…e utilidade.
Porque estes fins-de-semana prolongados dizem acabar com a economia do País (mas muito pior também já não pode ficar), mas aumentam a auto-estima.
Por me saber muito bem esta utilidade de Páscoa, de mini férias (a única que lhe reconheço)
Porque o mundo gira e é redondo vou dar uma volta…(só mesmo por isso).

quinta-feira, abril 13, 2006

Justiça?

Ando a tisnar os dedos, ando com os olhos pregados em letras pequeninas e pretas. Ando à procura das gordas, neste hábito diário. Ultimamente os assuntos não tem variado muito...eleições em Itália, revolta francesa, Angola país que de momento parecem ter feito renascer das cinzas, (a mim a questão cultural daquele povo e as condições do mesmo interessa-me mais, sou sincera)...mas o tempo tem sido de mudança e isso agrada-me e muito. Não sou uma revolucionária não tenho capacidade nem disposição de liderança, gosto mais de me liderar a mim mesma. Ainda assim tenho opinião e ela vale apenas o que vale.
Mas nestes dias li algo que me transcendeu, algo que me fez recuar nos neurónios, colocar os óculos para ver se estava mesmo a ler o correcto: "(...) o Supremo Tribunal de Justiça (...) alegou que fechar crianças em quartos é um castigo normal de “um bom pai de família”, defendendo que estaladas e palmadas, se não forem dadas, até podem configurar “negligência educacional”.
E depois o pior estas crianças tinham deficiências mentais e estavam num lar em Setúbal. Recuei novamente na leitura incrédula, mas depois pensei melhor e analisei o estado da justiça em Portugal...então soltam-se corruptos, elegem-se de novo presidentes que fogem para o Brasil e pensei se tivéssemos noutro País isto era muito grave, mas em Portugal isto até passa despercebido, ou não!
É caso para dizer que o Supremo Tribunal de Justiça anda muito mal informado acerca das práticas da educação, se isto é aceitável todo o resto se pode esperar, já agora seria oportuno que se consultassem os especialistas nesta matéria à cerca da teoria científica sobre o tema, talvez eles consigam esclarecer melhor, talvez eles sejam mais entendidos digo eu, mas isto é só a minha opinião e ela vale o que vale como já tinha dito.

sexta-feira, abril 07, 2006

3

No outro dia numa conversa a três, dizem que é número perfeito, no momento arrisco mesmo a dizer que o foi. Não seriam necessárias mais vozes em debate uma vez que o assunto também parece andar esgotado. Mas ainda assim, continuamos a prosa, falatório, troca de ideias, troca de palavras numa de tantas voltas dadas por ruas e ruelas onde o movimento parece distrair no mesmo local de sempre.
E então porque a tarde ainda parecia grande, embora tivesse no fim, porque o apetite de ir para casa também não era nenhum, à falta de programa fomos dar uma volta.
Então as silabas saíram basicamente em torno da “falta de sorte” e não nos estávamos a referir ao azar de não ganhar o Euromilhões, isso parece ser factor consumado. Foi mais em torno da vida se esgotar, e ter uma pista de obstáculos a fazer o tempo correr sem proveito. As coisas pareciam ter um peso amanhã, maior ainda do que naquele dia...Parecem ser essas coisas que esmifram os dias e então não há melhor sinónimo e desculpa do que: “Eu não tenho sorte nenhuma”, então 3 mentes chateadas encaram isto de uma forma veloz. E todas as palavras que saem revestem-se de um pessimismo terrível, capaz de provocar suicídios no mais feliz dos mortais. Sim porque se alguém estava com o espirito embaixo a conversa era mais uma ferroada que causava não só comichão como arrepios. E depois as interpretações eram diferentes, já se sabe cada cabeça sua sentença, variam na intensidade de que cada momento mau nos provoca, a uns mais do que outros. Mas eu acho hoje, que ainda somos capazes de encontrar os requisitos mínimos para essa “falta de sorte”, ainda pudemos colocar as pedras no charco sem nos molharmos, naquele dia não dava a mente em dias assim não pensa! Acho que temos vontades e forças anímicas para ficar com a cereja em cima do bolo! Não me contento com as migalhas no prato, quero mais, e acredito que é possível, e mesmo quando isso implicar quebras no coração não desisto, mesmo que a vida nos pregue partidas foleiras sem piada, onde só ela se ri. E eu que sou agnóstica, afinal acredito em alguma coisa, acredito na possibilidade de sorrir... na minha e na vossa.

quarta-feira, abril 05, 2006

Sintomas...

Acabei por descobrir alguns sinais da palavra saudade, sempre tentei perceber se o que sentia era saudade ou uma bandeira de fazes-me falta...Sempre tentei distinguir, diferenciar estas duas linhas embora que ténues. A imobilidade de estar em vários sítios ao mesmo tempo, a vontade de querer e não poder levou-me a meditar sobre a frase que não me saiu da cabeça, ecoando a razão para tais picadas no músculo do sentir: “o melhor da vida é o que não há-de vir”. Não me identifico com o espírito português do tenebroso sentimento das saudades. Mas este frio que me passa pelo cérebro só pode significar que ando com sintomas de lembranças regadas por desejos. Cada vez que este invasor me ataca, sempre me parece que coisa boa não há-de vir! São sempre significado de medo, receio, uma perda num buraco vazio e oco. Não fosse isto verdade e não andaria a ver o Tiago pela televisão...foi esta a minha principal causa. A dar por mim a pensar: Deixa lá ver como anda o Tiago? Deixa lá assistir a novela. Cheguei a conclusão que o meu problema é grave!
E depois penso no Tiago e começam a vir uma série de nomes atrás dos quais sinto saudade, falta como lhe queiram chamar...E o telefone esse aparelho de mil utilidades não anda a resultar para mim, os sintomas não se desvanecem através dele.
Mas acabei de encontrar o medicamento para o meu tratamento: Chama-se Lisboa! Tomo durante uma semana, fim de semana e curo-me.