quinta-feira, setembro 28, 2006

Cérebro em gelo...


Frio na espinha, arrepio, coisas geladas é assim que se desenvolve o meu cérebro em tom de troça para comigo mesma, estupidez é essa hoje a palavra que me percorre. Ata, desata, coisa apertada e o frio volta. Preciso de um cachecol à volta da cabeça pode ser que ela aqueça.

quarta-feira, setembro 20, 2006

Anos há...

Anos há em que as paredes de gente criança e adulta por estes dias, se enchiam de destemida vontade, de tamanha coragem e de pouca vergonha. Paredes fáceis quando as coisas eram fáceis de dizer. As pessoas crescem e deixam o atrevimento para trás, com ele ficam os murais, as secretárias, os cadernos, as bolsas dos lápis e as mochilas pintadas. O corrector passa a ter só uma utilidade – apagar erros de canetas - canetas de cor deixam de fazer sentido, e borrachas pintadas parecem ridículas. Hoje, lêem-se os sonetos e murmura-se para dentro, até se tem vontade de dizer, mas as palavras não se descolam da boca. Anos há, para esta gente, que era fácil dizer: Amo-te. Anos há em que se escrevia na parede para toda a gente ver, anos há em que se esfolavam as portas das casas de banho, e se deixava o nome gravado a perpetuar, juntamente, com a data e o nome da outra pessoa. Anos há em que se dizia Forever, por o inglês soar sempre melhor aos ouvidos, quando a descoberta encaminhava as coisas fixes de dizer nesta língua dos filmes, e as menos curtidas as remetia para o português.
Há anos que as pessoas não dizem amo-te com tanta facilidade, tantos anos que acham que são coisas tolas de crianças. Mas anos há também, em que amo-te saía sem sentido, paixões passageiras de sofrimentos rápidos. E hoje as pessoas sentem a sério e não dizem porquê? Por vergonha, porque afinal acham-se ridículas ao dizer, e afinal as paredes e os murais, as mochilas e as bolsas dos lápis, as borrachas e as portas das casas de banho das áreas de serviço, deveriam de voltar à baila do dia, para tirarem palavras difíceis da boca e mostrarem frases fáceis de ler.

quinta-feira, setembro 14, 2006

Girassóis no Armário...

Há quem queira fazer das coisas mais do que isso, mais do que coisas. Há quem precise de reforçar a ideia para se sentir em pleno. Há quem precise dessa identidade global, dessa que realce aos olhos os sítios onde estão. Há no fundo uma necessidade de identificação, uma pura falta de pertença. Nas ruas as pessoas deambulam quase sempre com os olhos no chão. Falta de tempo? Falta de imaginação? Ou pura vontade de passar rápido? Mas depois chega-se aos locais e quer-se realçar a presença. Mesmo que passemos rápido pelas ruelas e não observemos o calceteiro, a mulher com o saco das compras, ou a loja dos tantos Xicos deste País, que vendem desde o pão aos candeeiros para a mesa-de-cabeceira. Então estava eu a ler um matutino, rindo com piadas reais e uma senhora com faro dos lados de Lisboa, interroga-me, “ – Sabe onde posso encontrar alguém que pinte em vidro ou madeira”. Pensei, e dei voltas à cabeça e nada me ocorreu. Mas a senhora citadina explicou-se melhor e disse: - “Eu já sei quem é o senhor que faz, não sei é onde fica”. Ai tudo se tornou claro. Contudo a mulher insistiu em dizer: “- Sabe é que tenho lá uma armário, mas queria dar-lhe um ar mais alentejano, mas rústico. Queria desenhar uns girassóis ou assim...Não sei se me compreende”, frisou. E adiantou que “agora tenho uma casa no Alentejo”, coisa fina nos dias que correm...para quem descansa das buzinas.
Pensei na resposta que lhe devia de dar. Tivesse eu dito e teria posto em causa a hospitalidade deste povo.
Apercebi-me, que a senhora não tinha ainda percebido, que não era necessário pintar os armários, para pertencer a esta alma. Que as verdadeiras casas rústicas o são por tradição e vivência e não por modernismo estético. Vi que a senhora ainda não tinha reparado, que aqui, a vida corre normal como em tantos outros sítios deste País. Não se dão ares alentejanos, porque o são em estado natural. E ai, no dia em que a senhora consiga perceber que aqui o que muda é que pode abrir a janela e ver girassóis reais sem estarem pintados no seu armário citadino, ai nesse dia, digo-lhe o que realmente pensei.

quarta-feira, setembro 06, 2006

Procura-se

Gente não acomodada em todas as áreas...procura-se...