terça-feira, setembro 25, 2007

Essa coisa do fazes-me falta...

Dir-se-ia, facilmente à boca cheia, que os tempos não contam. Que as horas juram que são fictícias verdades. Que a distância se encurta. Que a saudade contamina, até quando se adormece. Que estamos sempre à distância de um abraço. Questões do corpo relevantes à intensidade. Falo, sinto-vos consequentemente. Pego nas fotografias. Viro-as ao contrário. Deixo-nos de pernas para o ar. Sorrio. É a amizade, diz a voz do sopro ao ouvido. Descalça, desço a rua de calçada. Dobro para o céu e lá estão de cabeça para baixo. E descortino nas formas brancas das nuvens: Estamos a caminho. Os pés seguem balanço. Que se jogue ao chão a ausência com pó. É válido. Cheira a malmequeres com pétalas a voar. No fim, a última folha cessa: Bem-vos-quero.

sexta-feira, setembro 14, 2007

Discurso do fundo...

Eis que me dá vontade de dizer o que não sei. Solto a língua. No encaixe da boca ficam as palavras, que minguam com a crença de nada saber. Volto a transpor a vontade de ser mais do que papel fosco. E apercebo-me o quão tosca é a mentira dos que sabem falar. Tenho dito: Ninguém discursa com a voz do fundo quando se aclama o que se sente. Perde-se metade na distância do coração à boca. Presunção de dizer o que se gosta. Sim, sente-se. Mas sem polegadas. Apetece-me dar-te bolas de água cheias de mim, para que as engulas e sintas o sabor do que me fazes paladar. Queixo-me mais ao eu do que a ti. Sem delongas, acredito piamente nos arrepios do corpo e curo a intenção de gastar canetas que os escrevam para fora. Calo-me. Nada digo que jeito tenha.

segunda-feira, setembro 10, 2007

Seja lá isto o que for...

Jogaram o firmamento por ali, abaixo.
Como as molas que voam das cordas da roupa.
Os pés rolaram para o fundo sem balanço de chão.
Jogaram o nimbo por ali, acima.
Como as formigas se jogam para cima dos miolos.
As mãos afundaram-se nas almofadas de esponjas às cores.
Jogaram a limpidez para o lado.
Por molhar ficaram as línguas secas.
Os dentes cerraram como uma arca velha.
Jogaram a sorte e espalharam-na nos espaços dúbios.
Chegou-te alguma ao coração?

quarta-feira, setembro 05, 2007

Ando a querer...

Na barriga das nuvens vou plantar girassóis a dobrar.
Quando não houver sol, afasto o vento e meto-os de pá para o ar.
Depois, darei a volta ao mundo, com a boca inundada de melancia.
Na volta, trago as bochechas carregadas de cheiros de gente.
Tudo à maneira da vontade e do sorriso.