terça-feira, julho 31, 2007

Goldfish...

O meu peixe tem rodas.
Anda sobre um carrinho de linhas.
Não mergulha, mas desliza.
O meu peixe tem mais cores do que muita gente.
A gente gosta do peixe e ele acha-se com piada.
O meu peixe é um dos felizes do mundo.
Não está num aquário.
É feito de retalhos.
O meu peixe não foi tirado do mar, mas cheira a sal.
O meu peixe não se come. Vive.
Não foi pescado.
Porque o meu peixe é de amor cristal e o transparente só se contempla na água.

quarta-feira, julho 25, 2007

Informações...

Ando, mais ou menos, numa bola de sabão. Sem nuvens de vento. O sol agita-me a melanina. Os olhos estão tresloucados e as pestanas lisas. Se me quiserem coisas estou a esfarrapar a vida em qualquer esquina.

segunda-feira, julho 16, 2007

A ti...

Nunca pensei muito que me carregaste.
Há dias que me apetece cair.
Lembro-me: porque andaste comigo de um lado para o outro?
Tantos sonhos em mim.
e o meu maior feito é ter nascido.
Foi, somente, o de ter vindo cá.
Demais, ando inquestionavelmente por aqui.
Retorna-me a ti.
Há coisas que deveriam ficar sempre num lugar.
Na tua barriga quente.
Grávida de mim.

sexta-feira, julho 13, 2007

Musa Crew...

A tarde estava assim para o quente. Eram 15:30 no Alentejo de Verão. A vontade de ir era muita. Pelo menos, a suficiente para por a carrinha, a menina, a wadadinha, a carrinha da tribo do sol…Enfim como lhe queiram chamar, a rolar na estrada com temperaturas elevadas. Roda atrás de roda e o alcatrão a ficar para trás. Três tripulantes e dois penduras no carro de trás. Perdão. Três penduras, que o Alex também conta. No princípio éramos seis a caminho do Musa Crew.
Tentámos, embora que em vão, colocar a menina dentro do recinto. Tínhamos bilhetes. Não tínhamos era credenciais. Meia volta e praceta do Girassol no horizonte. Telefonemas da malta – que por azar vive na terra onde a câmara é comandada pelo Isaltino Morais – a dizerem: Já os vimos! Gente que se trata bem a comer, a beber e nós na busca de comida. Meninos, de não se ficarem por bifanas e hambúrgueres, instalados de fronte para o mar.
Mais um passo, outro e estávamos dentro do festival a ver as ceninhas. Espanto. A cerveja era Tagus e não havia volta a dar. Música nos ouvidos, vento no cabelo, risos e nós a encontrarmos o resto da tribo. Já éramos muitos mais do que seis.
Há gente especial neste Mundo? Há. São uns quantos. Preocupas-te? Sim, sei bem a água que gastaste no Verão passado. Podia ser o mote de um anúncio, mas não é. Aliás, até porque já vão começar as Chiquititas na televisão e isso é q.b. Qualquer coisa que venha a seguir a isso não é mais do que nada. Portanto, é apenas a união de gente e de mentes que flutuam juntas.
Mais música, alegria e amizade vasta até ao rebentar da noite. Mas qual noite? Havia cama? Havia para onde ir? Mas, só porque a canalha até é ecológica, pensou: Onde vamos nós dormir? Isso logo se vê. Pode ser em qualquer coisa que lembre ar livre e campo. Olha, podia ser assim num sítio com o nome de uma flor! Praceta do Girassol? Sim, somos rurais e depois!
A rapariga revoltada com o Isaltino em altas (passo Casanova). Sim, porque inventou um novo passo de dança (coisa digna de qualquer pessoa apreciar) confiante na nossa dormida, proferiu o que qualquer um precisava de ouvir (só assim para nos confortar). – E tão fixe. Vão dormir aqui? É que se deve dormir mesmo bem! E são quantos? Oito? (Só para que conste o colchão era de dois). Somos amigos é verdade, mas precisamos de espaço!
Mais risadas. A noite prometia. O passageiro do carro do lado mais o Alex em tronco nu, mas o espaço era apertado. A buzina atrapalhava. Os outros dois passageiros mais confortáveis e nós três – os melhores instalados graças à menina, à wadadinha e por aí. Contudo, não nos invejem meus amigos a noite foi longa tivemos uma polifonia connosco.
Novo dia, novas paragens. Praia de manhã. Gente toda amontoada. E nós vamos mas é para Sintra. Tempestade de areia, sempre a trepar, paisagem nos olhos, sorrisos na boca e gente desesperada por um frango. Noite dentro, o boom deu-se. Primeiro, houve um menino que se emancipou e colocou um brinco (já és um fixe a 100 por cento) e depois os Skaparapid levantaram muito pó. Bem mais do que o vento. Gente louca não se deveria de juntar nunca. Muita festinha. Os asseadinhos juntaram-se a nós e renderam-se à nossa praça. Manhã, pequeno-almoço no café que nos deu um jeito sem medidas. Era domingo e o fim-de-semana só termina na segunda. Então, vamos comer umas sardinhas, beber uma sangria branca (cara), mas fresca e boa em Sesimbra. A viagem não terminou fomos ver as coisas desse senhor que se intitula por Berardo. Ele há deleites na existência que não se medem.

terça-feira, julho 03, 2007

Multiplicação das coisas

Deixo hoje, só por ser hoje, o caminho engordar. Não quero ser omnipresente. Não vislumbro a eternidade a um passo de casa. Na folha verde da minha rua, numa tília, deixo cair o embalar da noite. O dia já se embala a si. O poste de electricidade tem mais altura do que eu e não é por isso que o sinto grande. Acho que é torto e desajeitado no firmamento. A minha vizinha tem um cão igual ao nosso. Mas o meu ladra mais e ela é que é uma menina. Late quase tanto como algumas pessoas. Farei ainda hoje, só por ser hoje, a multiplicação das coisas…Para que deixe umas quantas na minha rua e traga tantas outras no meu bolso.