terça-feira, fevereiro 19, 2008

De facto aborrecem-me...

De facto aborrece-me a chuva, mas as mulheres intriguistas aborrecem-me ainda mais. Vejo grafonolas saltitantes, azedas, monocórdicas. A tonalidade dos dias dão-me para pensar em coisas chatas e não há nada mais enfadonho que a mesquinhice humana. A competição causa-me tremendos nós. Imagino manadas a correrem sem caminho. O chão treme e limpam o pó da estrada. Atracam os corpos em bando e lutam, somente, em prol da inveja. Amarguradas falam com o mesmo tom dos cães. Rosnam e chegam a salivar. Na há silêncio onde perdurem ruídos. Não há corações que cresçam ácidos.

Imagem: Barbara Kruger

sexta-feira, fevereiro 08, 2008

"Diazinho" dos namorados, não obrigado!

É oficial que acho ridículo o “diazinho” dos namorados. É uma data parvinha, vaga, vazia, oca e, sobretudo, chatinha e irritante. O romantismo salta às ruas. Na verdade, falta é o verdadeiro amor. Os balões dizem “Amo-te Muito”, os peluches abraçam corações, as meninas passeiam rosas vermelhas de paixão e os meninos, esses, amontoam-se nas floristas, nas perfumarias e nas relojoarias. Há romantismo? Não! Tenho para mim que o amor entranha na pele, nos braços, nas pernas, na boca, nos pés, na ponta do nariz e que borbulha. Acho que é, precisamente, onde o sentimos que ele está. Por vezes sinto-o no ouvido, nos dedos, nos fios do cabelo e respiro-o. Sou apologista do amor, mas sou contra as provas sociais. Dispenso o dia em que as moças ostentam os moços e os moços ostentam as moças. Um rodopio. Dispenso os jantares românticos, porque a data assim o institui. Por estes dias, há por aí muito boa gente a pensar no que vai oferecer. Torna-se um frete, uma chatice, uma dor de cabeça, mas fica bem. O amor não pertence aos dias destinados. Quando se sente, o amor é os dias. O amor não vai em globalizações. Não tomem o amor como parvo. Acreditem que ele sabe que não é de modas e de convenções socio-económicas.
Não se ofendam. Tenham-me como uma ovelha tresmalhada.
Imagem: Chagall