quarta-feira, outubro 28, 2009

Abençoada ruralidade

Quando é que as pessoas percebem que a vida não se compra nem se vive em centros comerciais? Falo da vida vivida, da sentida e da que se deita de barriga para cima para receber o melhor. A vida, por si só, é despida. Acreditem que ela não está nas paredes ocas do consumo. Aí, onde vocês julgam ser o vosso melhor passatempo, não se vende a proporção certa do amor. Não se empacotam as sensações do vento, não se sacode o sol para dentro do saco e não se expõe o rio na vitrina. Aí não cabe a liberdade, os cheiros dos pomares e das gentes, a conversa fiada dos cafés, a vizinha da esquina a varrer a rua, o cão solto a ladrar, a criança suada a correr, o homem enrugado do sol, o céu. E só assim acredito poder nascer um novo dia. Isto tudo a propósito da menina, no alto dos seus 18 anos, com tiques citadinos. Sim, porque veio passar um fim-de-semana ao Alentejo e não encontrou um Centro Comercial. E depois disto eu digo: abençoada ruralidade.

terça-feira, outubro 20, 2009

Férias e hoje chove que se farta

Fui de férias. De tudo e de quase todos. Fui das notícias, das mesquinhices, das conversas de nada e da vagabunda vida de acordar para trabalhar. Fui de férias e o tempo sorriu-me com um sol quente de verão, no Outono. Deu nas trombas do clima frio e brindou-nos a nós e a mais uns quantos ingleses com a luminosidade da vida boa. Acordar, café, chinelos no dedo, praia, mar, caipirinhas, sol, comida fresca, uvas ao pôr-do-sol, leituras, noites, dormir, música, gargalhadas, descanso. Pelo caminho várias trocas de palavras e de carinhos. Ontem acordei e voltei à rotina. E, hoje, chove que se farta, mas porquê desgraça? Podem apontar-me todas as razões do calendário, mas as primeiras chuvas picam-me as entranhas de saudades do sol e são-me mais fatais que qualquer destino.