domingo, outubro 30, 2005

Atalhos do ser...

Não sei em qual das esquinas do ser se vira para norte ou sul...
Não sei sequer que direcção se segue, que caminho encurta as distâncias...
Na curva da espinha rodei para voltar ao mesmo sítio.
O pensamento sempre me desliza dos pés a cabeça numa descida rápida.
Como se o fim fosse sempre voltar ao principio.
E de todos os atalhos que encontrei nenhum me alterou o percurso.
Em todos me perdi pela vontade de não me querer encontrar...

domingo, outubro 23, 2005

Meia-luz...

Estava a meia-luz a lâmpada não ia além da corrente. Volts a menos para o escuro da noite. Não sei se era falta de energia supunha ser antes a vontade de claridade. Todos os movimentos lentos uma sensação nula, um vazio que chega pela falta de distinguir as cores. A esta hora do dia apenas os ponteiros avançam já tudo o resto se encerra. Ainda assim, o esforço de permanecer se pudesse a sentir a respiração, a ouvir o tic-tac do coração a pouca velocidade. E fica o tempo – demasiado tempo até – para contemplar o sentido desta vaga permanência, desta vaga insistência. Não posso sequer descrever porque giram agora as horas, mas sei que giram em torno do espaço que não se desloca mas que avança. E se viesse ao menos uma resposta, ai seria claro e límpido, mas nada apenas uma vontade de não adormecer porque hoje eu sei que ainda tinha algo para dizer.

quinta-feira, outubro 06, 2005

Arestas que cortam...

Esta sensação não vale sequer uma batida acelerada do coração. Há falhas que o tempo compacta num cubo de arestas limadas sem volta de transformaçao e não num círculo onde tudo gira. Não sei porque ainda insisto em o querer esculpir, mas estas arestas já cortam...já ferem. Há que o guardar na prateleira deixar que o pó caia, deixar que a cor se desgaste, que o tempo o abata. Que fique nesse síndrome do esquecimento. Que se divida por vontade própria, não sei sequer que utilidade lhe daria...Hoje cheguei com a vontade de já ter partido, daqui ainda oiço essa voz, mas lentamente arrumo o meu cubo de quatro faces. E ainda que me desmembre em palavras, todas são uma ida sem retorno, todas são uma ultima gota de saliva. E já não fico mais a espera de ver esse cubo em circulo se transformar, já não me deslumbro, já nao o recrio, já não o invento, já não me ofusco...apenas o arrumo.
Imagem retirada da net