sexta-feira, dezembro 28, 2007

Equinócio

No lugar da passagem de ano o Equinócio.
Uma madrugada sem carimbos de festa.
Sem mil frases iguais
Repartidas por bocas mil
Onde nada estoire no céu.
No dia seguinte, vejam a chegada calma das andorinhas.
Pendurem beijos fragéis
Para depois…
Para depois dos tempos
e dos homens que acreditam nos milagres dos calendários.



Imagem: ComposiçãoFotogTheGreatPanhomlinis

quarta-feira, dezembro 19, 2007

Preguiça...

É amanhã que chego da preguiça. É amanhã que cantarei às folhas que podem voltar a crescer. Os pés descalços vão deixar de beijar o soalho e as botas não escaparão à chuva. O Inverno sairá da toca – abrirá os olhos e verá luz cinza. Não julgo reconhecer um novo alvorecer, não absorvo as manhãs inchadas de sono. Despertarei convencida de que ainda é Dezembro. Os troncos das árvores, esses, vergarão mais do que o meu corpo ao vento. Vou voltar a ligar a cabeça à terra e fazer de mim uma seara à espera de água. A lareira terá de ficar para os momentos ocos. Hoje, continuo tosca e pergunto às nuvens se também faz frio no céu.

terça-feira, dezembro 04, 2007

Horas...

Dizem que a melancolia das horas não são mais do que frascos vazios.
Sobre elas, digo que se debruçam pickles azedos que fazem azia às barrigas.
Sei bem que o que arde não cura, mas invejo a paciência das feridas abertas ao ar.
Tenho, contudo, menos tolerância para os relógios de parede.
No peito apetece pontas de narizes geladas.