quinta-feira, novembro 17, 2005

Efémera

Hoje enquanto me sentei no sofá liguei a televisão entre um programa e outro sem interesse, aparece uma efémera a aproveitar cada momento como se fosse o último...com apenas um dia de vida. Na sua condição de curta existência, a sugar a vida num só suspiro, a não se preocupar com o amanhã, sem passado, sem futuro apenas com o momento. Esqueci tudo o resto...esqueci as preocupações e a falta de amanhã. Esqueci a falta do hábito, a falta de exigência, a falta sempre de alguma coisa e afinal de coisa nenhuma. Dou por mim a pensar que a efémera não é diferente de nós o importante é saber viver...simplesmente viver, porque a vida essa também é efémera!
P.S. Excelente anúncio, excelente a mensagem!

quarta-feira, novembro 16, 2005

Espera no tempo...

Não fosse a data dos dias se alterar e não saberia diferenciar o ontem do hoje, não fosse pormenores e deixaria passar o tempo todo uno. Revisto-me todas as manhãs e aniquilo esse ar do sul que já tinha esquecido de sentir, andei aos soluços mas aqui eu respiro. Dizem que o tempo é de mudança então eu desço essa calçada coberta de musgo da estação, onde o frio gela a ponta do nariz e acredito que a descida me leva a porto seguro. Como é habito não tenho os dias marcados, ainda não posso riscar no calendário a chegada dessa nova etapa, mas aguardo e espero…não me ensinasse este tempo a ser paciente e já me teria perdido. Sei de cor cada esquina que curvo, sei as caras que por mim passam como se da minha se tratasse e sei quem me espera. Já sei decor a rotina dos outros como se a deles fosse mais horizontal que a minha. O autocarro passa todos os dias a mesma hora, cumprimento o Chico, tomo o carioca de limão na mesma mesa vezes sem conta, exercito e corpo e este alivia-me a mente. Deixo que os ponteiros corram e embrulho-me numa nova forma, ando a cochear mas não tarda e já me habituo aos passos desta nova dança. Esta síndrome de repetição alastra-se pelo corpo mas combate a espera. E com mil patas percorro a demora, com mil vontades encontro o ponto de fuga, com mil desejos afasto a falta, em mil centímetros me desfaço se necessário para percorrer metros. E que voltas daria eu se o tempo voasse…que voltas lhe daria se pudesse e já não o contabilizo apenas o espero…

quarta-feira, novembro 02, 2005

Boa tarde...

Esta é apenas a ínfima parte do dia, a ultima escrita da conversa. Por as entrelinhas ficam as explicações sobre as quais me perdi.
Hoje chegou uma sensação virada do avesso, como se me tivesse vestido ao contrário. Enrugou-me numa continuidade sem limites. E não sei se me faltaram os sorrisos ou simplesmente me faltou a vontade.
E assim fui amachucada, sem aparência, cinzenta e sem luz ao fundo do túnel. Ao virar da esquina surgiu um – boa tarde…estranho como poderiam estar a cumprimentar alguém com tão péssima cara enfadada no seu luto. Acho que nem respondi não por vontade mas por surpresa. E fiquei sem definição, sem ideia, sem reacção. Andei com o pensamento preso a essa boa tarde…que afinal não passava de uma péssima tarde. E a sensação essa já tinha passado mas ficara a desilusão…entre muitas que estão para vir. No entanto, que motivos para voltar a vestir-me do lado certo, que motivos para colocar o colarinho para frente e não as duas mangas no braço direito? Sim, porque era assim que me sentia torcida no meu corpo. Esse boa tarde foi uma quebra de assunto, uma tal urgência em mudar. Obrigado pelo cumprimento...afinal há sempre há hipótese de recomeçar em péssimas tardes…porque hoje como diria Alberto Caeiro - " sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura."