sexta-feira, janeiro 07, 2005

Fim de Tarde...

Passam pessoas, passam aviões e eu aqui estou parada no semáforo à espera de ver o peão verde acender e me ordenar a passagem para o outro lado. A rua estreita e de calçada cinzenta é o espaço futuro que me espera, para mais uns passos curtos derivado à subida que se aproxima. No caminho uma esplanada repleta de gente, não do bairro, mas de forasteiros em busca de um fim de tarde agradável e lugares capazes de apaziguar os seus corpos flácidos, dependentes do barulho. No entanto apenas o seu físico se instala, o seu espírito continua agarrado ao escritório, ao telefone, ao fax, ao telemóvel... à secretária e ao cinzeiro. Embora não possuam fato ainda os enxergo assim, consigo ver as gravatas, os colarinhos brancos e os sapatos de verniz. Talvez por a posição em que estão sentados, as costas parecem afundar numa cadeira de rodas e não numa cadeira de plástico um pouco suja derivado às folhas que insistem em cair ao fim da tarde.
Decididamente esta gente não pertence aqui...
Mais uma curva e eis que me deparo com o cenário inverso, alguém de avental grita, sonorizando uma voz fininha, capaz de fazer tremer os nossos ouvidos, contudo agradável e característica do local e do momento. Quando o meu corpo se cruzou com o seu, no meio dos seus gritos ainda foi capaz de expressar um boa tarde...Agora sim já me encontrava no bairro, antes parecia ter-me enganado no roteiro.

2 comentários:

Anónimo disse...

Simplificas-me a alma com as tuas palavras.Escreves muito bem,toca cá dentro.Continua.Beijinho Gordo*

Anónimo disse...

roteiros certos outros errados,este pareceu um grande roteiro...claro que descrito por ti se tornou perfeito!
Beijinhos DANIEL