quarta-feira, novembro 01, 2006

Memória em Baú...

O dia claro. Sol morno de Outono. Uma manhã cheia e um dia ainda largo. O fim-de-semana rumou a sul. Portimão como destino, sim porque nem só de verão se goza a comodidade e há que dar uso à estrutura do edifício. O mar mesmo aqui ao lado. Companhias a 3, número perfeito dizem. Uma roda atrás da outra e Caldas de Monchique no horizonte. Voltam os arrepios de frio. Volta a saudade e os mistos misturam-se, e ele há coisas que a própria razão desconhece e ficamos assim embasbacados, sem pinta de nexo. Respirei e senti oxigénio a rolar. Os olhos, esses, acho que brilharam. Um turbilhão de coisas a virem e a memória a andar para trás. Estou tão alta para os bancos que me senti demasiado perto dos tampos das mesas de madeira que continuam a povoar o largo. Olhei e parei no tempo. Encontrei-me de camisola de alças com um barco desenhado ao peito, calções azuis e uns chinelos amarelos e brancos que o mar me levou. Água nos ouvidos, ramagem verde sob a cabeça e uma infância a descer ao presente. Correr para ir à fonte, fazer birra para não ir beber a água termal e desejosa de chegar à banca da fruta. Ver sair os pães do forno, pedir para que me comprassem não um, mas muitos. Mesmo que o estômago aguenta-se apenas um. Coisas boas que o verão proporcionava e as férias aguçavam. Subi a serra, e o café à beira da estrada continua igual. O mesmo cheiro e as caricas continuam a povoar o chão que, ainda hoje, é de cimento. Acho que a ementa deve ser a mesma: frango assado. Debrucei-me, como fazia antes, e trouxe uma carica para casa. Na rua a mesma senhora de sempre, não me reconheceu, devo ter crescido. A casa continua cheia de tralha, acho que o tempo não passou por aqui. E lá estava o primeiro andar que nos dava guarida todos os verões, somente, pintado de amarelo. Ele há coisas que a memória guarda em baú.

3 comentários:

Anónimo disse...

O passado está sempre presente em nós.Está marcado e do mesmo modo estão marcados todos aqueles acontecimentos que fizeram aquilo que somos hoje.Às vezes basta um cheiro para nos voltarmos a situar naqueles tempos da escola em que aprendemos determinada coisa.Há uns meses contactei com uma pessoa que cheirava mesmo à Odisseia de Ulisses,que dei no 7.º ano.São só coisas...
Beijinhos:)

Anónimo disse...

É verdade o passado está sempre presente, que bela recordação desses tempos quando eramos uma família realmente feliz, bastava-nos tão pouco (apenas o amor a união de todos)hoje vivemos dessas e outras pequenas recordações que nos ajudam a caminhar e aceitar o dia a dia bem mais complicado. Mas, esperemos pelo futuro, talvez ele nos reserve surpresas, não tão felizes como as do passado porque, quando se é criança é tudo bem mais fácil, mas quem sabe o amanhã.

Anónimo disse...

O FUTURO É PRESENTE E O PASSADO ETERNO!!!

SEMPRE E SEMPRE NAS RECORDAÇÕES QUE MARCARAM MOMENTOS E NOS FIZERAM GENTE!

SEMPRE!

bj à autora