sexta-feira, janeiro 11, 2008

Interrogações ou algo do género

É do tempo a vida e a vida é do tempo. E se, em algum momento, o são em simultâneo, então, são-nos em nós. Presto-me a tamanhas pretensões de sabedoria tosca. Sou, por natureza, crente nos que não sabem o que dizem. Pode parecer confusão de sentidos, de dias avariados e da falta dos pés de laranjeira que não cresceram na cabeça. Admito que não tem nexo. Então, estendo-me à púrpura e ergo-me à explicação. São inatos os soluços que me saltam do peito. Os prazos não reduzem a validade do que se tem. A todas as horas me saltam lampejos dos olhos. Sinto o frio que advém das estações, da água e das montanhas. Queima-me o calor que chega do sol, do Alentejo e dos abraços. Dir-se-ia que para além de gente sou uma sortuda. E sempre que o tempo vem longe e ainda está no Norte, a vida decorre em festa, aqui, no Sul. Como quem dança até ao fim do corpo e devagar vive todas as coisas, cada dia mais dentro. E porquê o medo? O maldito paira-me acima dos ombros. Chega breve e torce-me os dedos. Dá-me a primeira herança dos humanos, a fragilidade. Entrega-ma em mãos. Depois, desenrasca-te. Nomeia-me, em nome dos balões ténues do coração, à tensão dos que se ama. O danado, de mansinho e desfigurado, segue caminho. E aqui fico, como quem espera que por cá tudo bem.

Fotografia: Herbert List

6 comentários:

Andreia Azevedo Moreira disse...

MUITO BOM! :)

Anónimo disse...

Repito o comentário da Andreia

MUITO BOM!:)

Anónimo disse...

Como quem diz que esta excelente

Anónimo disse...

Olá! Sou eu novamente.
Como quem diz que ESTÁ excelente

Anónimo disse...

É sempre bom voltar a este blog. O medo susurra sempre ao ouvido.

Anónimo disse...

É o tempo que diz ao medo que ele não é nada

É o tempo que diz ao medo que ele é ninguém

É o tempo que diz que na vida se amarra o medo.

O medo é vida e a vida é do tempo.