terça-feira, abril 15, 2008

Alentejo

Não me incomodam as tuas preces de chuva. Nem tão pouco sei bem se sabes rezar. És como as flores abertas ao sol. Tanto me faz. Deixa o vento dar-te borboletas de cheiro. Não engulas, à passagem das ervas daninhas, os espinhos do campo. Tece um casulo de sabores. Enrola-os em linho. Protege os pássaros tenros dos ninhos. Fica de mãos abertas a contar pirilampos de cor. Deixa-te ficar. Fica no lugar da palha, do trigo sábio, das estevas e das papoilas. Tanto me faz, tanto me faz. Deita-te à água e verás que é em ti que nasce a minha, a tua força. Cresce como semente na próxima primavera. Tanto me faz, tanto me faz. Não há forma fácil de fazer-te, ser-te. Não há forma fácil de mostrar-te a quem não te sente. Cresce, mantém-te. Quero-te assim minha terra: quente, lutadora, imponente, sabedora, feliz de gente.

Foto: José Serrano - Zeca:)

5 comentários:

Anónimo disse...

Fantástico, simples, original mas com tanta sabedoria a tua sabedoria Só poderia sair da tua cabeçinha linda de cabelos negros enrolados ao vento, com esse teu coração tamanho do mundo que nos enche e torna-nos mais ricos com aquilo que escreves. continua estou á espera do livro.

Anónimo disse...

Foto linda, texto fantástico só mesmo escrito por ti. De um simples girrasol consegues ver tanta beleza, tudo tão puro, tão puro como tu, que me vais cativando cada vez mais. Minha beleza rara, coração enorme, simples e tão interresante.

Anónimo disse...

Quem sente o Alentejo por dentro não se pode deixar de emocionar ao ler este texto. É um Alentejo todo num só canto.

Anónimo disse...

Texto e foto suprema!

Anónimo disse...

Hello. This post is likeable, and your blog is very interesting, congratulations :-). I will add in my blogroll =). If possible gives a last there on my blog, it is about the Livros e Revistas, I hope you enjoy. The address is http://livros-e-revistas.blogspot.com. A hug.