quarta-feira, janeiro 21, 2009

Politiquinhos


Queria freneticamente que todos fossem assim, depurados. Queria que todos, e até os que nunca poderão ser, fossem só osso e vida. Não me importaria que andassem nus e de chinelo de dedo. Pausadamente sentados numa cadeira de plástico, a olharem a praia vasta. Queria-os com o coração livre e aberto. Sem fato. Queria-os a espreitarem a terra de peito farto. Dar-lhe-ias uma caipirinha de recompensa. Não gostaria de os saber a roer os calcanhares ao poder. Não os queria assim: Como os cães que cheiram o mijo dos seus parceiros e que, depois, mijam aqui e acolá. Colocava-os nos bairros em mangas de camisa arregaçadas e dava-lhes uma sopa atulhada. Gostava que fossem loucos, loucos o suficiente para sentirem. E que fossem gente, mas se serem pragas, ervas daninhas e musgo agarrado. Por mim, seriam políticos felizes, políticos sem gravata. Sem o seu ar patético a destemperarem os domingos, as segundas, as terças, as quartas, as quintas, as sextas e os sábados.
Imagem: Magritte

1 comentário:

Anónimo disse...

Conheço muitos, infelizmente.