quinta-feira, março 09, 2006

Passatempo, actividade da mente...imaginário!

Há por ai muitas vidas que me interessam...muitas mesmo. Todos os dias desço e subo essa calçada, daquelas que os saltos altos detestam e que quando ando com sapatos sem altura me desfaço em agilidade. Enfim essa mesma calçada conduz-me sempre ao mesmo local, mas nem queiram saber a diversidade que ela contém. É povoada por seres que o meu imaginário tenta decifrar, sempre tive este passatempo de tentar adivinhar, supor, alegar hipóteses, presumir, conjecturar e todos esses adjectivos possíveis que definem a minha actividade cerebral de tentar perceber o que fazem e como são cada um destes seres da calçada. A mulher de verde, nome que lhe atribui bem poderia ter o nome de Teresa. Monetariamente parece não apresentar qualquer problema visto o carro que ostenta, parece ser segura de si e uma mãe de família daquelas que deixa os filhos no colégio antes de vir para o trabalho. Daquelas que não se preocupa com o almoço porque o marido não almoça em casa, os filhos comem no refeitório da escola e ela come uma sopa para manter a linha, no mesmo restaurante de há anos. O homem do casaco de pele, passado de moda há anos, com uns óculos que não o favorecem é o típico chefe de família que passa férias em Quarteira, imagino que seja aferidor de balanças ou algo do género. A mulher cusca nome apropriado para quem tem pinta de vizinha que sabe todas as novidades do bairro. Que se desfaz em simpatias e em seguida roga pragas. Daquelas simpatias hipócritas como lhe costumo chamar. E o Joaquim (nome artístico da minha mente), homem porreiro para beber uns copos, para petiscar, para rir...o típico acolhedor que faz os turista apreciar a simplicidade e levar recordações de boa gente! Tem cara de oferecer vinho tinto, chouriços e iguarias da região. Mas nesta rua estreita há algo que me transcede nesta rotina matinal. O homem da carrinha cinzenta, nunca o vi em actividade, nunca o vi para além da cintura encontra-se sempre no mesmo sítio dentro do automóvel de mercadorias , e entre o vidro vejo o bigode e pouco mais... parece aguardar eternidades. De manhã já lá está, a hora do almoço lá está....então pensei deve esperar por alguém que trabalha por aqui...mas depressa se me desfez essa hipótese. É que ele passa ali horas em excesso...em demasia para esperar...podia ir beber café, sair do mesmo local de sempre, ir dar uma volta e depois regressar mas não...só me faz pensar será que o homem da carrinha é espião?

5 comentários:

Anónimo disse...

Fazes-me rir...


Beijos***

Anónimo disse...

Excelente,sem descrição! Bela actividade mental, passatempo e imaginario.É que todos nós fazemos isso, mas descrito assim é brutal!
André beijinhos

Anónimo disse...

bem mas que forma genial de terminar o texto, brilhante já tas a fazer uma nova história na tua cabeça! Olha eu vou dar a mh opinião ve se ele não te anda a espiar a ti, olha que não é dificil:) P

Anónimo disse...

ah ah ah ah...so tu...! é por estas e por outras k es diferente...espectacular! Moreno

Anónimo disse...

Sim,agora não tens o metro para divagar nessas definições humanas.Sempre pensei ser louca por fazer associações do mesmo género.Mas depois de te ter conhecido percebi que não sou.Ou melhor,acho que somos 2 seres que se equiparam na loucura ou neste evitar de crescer,para manter viva esta criança que voa e procura nas janelas e varandas, à noite, cada criança para levitar.Beijinhos
Bicho:)