segunda-feira, março 06, 2006

Fragmentos...

Há muito tempo ou não há tempo assim, afinal o espaço sempre parece longínquo quantificado em datas mas curto em vivências. Andava eu não ideia de ser publicitária mas sem saber ao certo a vocação. Acho que ainda hoje não sei, é que a dúvida sempre me suscita, certezas é algo que não permanece em mim. Pode ser defeito eu digo mais que é feitio mas as opiniões são dispares por isso aceito qualquer adjectivo. Enfim na faculdade propuseram a leitura de um livro intitulado: “Cartas a um Jovem Jornalista”, inconscientemente vi-me tentada a ler. Acho que o bichinho já estava criado mas a minha mente tinha ainda outro intuito que era a aclamada criatividade da Publicidade. Levei umas horas a ler, sublinhei voltei a ler vezes sem conta afinal eu tinha a hipótese de ir para Jornalismo. Televisão não me suscitava qualquer tipo de interesse considerava-a um debitar de conteúdos sem interesse. Rádio, fazia-me associar a grandes vozes, a minha passa despercebida num grupo de dez pessoas quanto mais em milhares, só o sotaque do sul me distingue e isso fora do meu habitat. Mas jornais, esses sempre me tisnaram os dedos, a escrita sempre me perseguiu em blocos de notas, em folhas rasgadas enfim várias vezes em mente. E eis que o livro me mostrava agora o tempo do jornalismo, e percebi que os diários tem o ciclo de vida de um dia. O autor dizia que jornais velhos servem para limpar as pingas da tinta no soalho, para enrolar copos nas mudanças, para atiar o fogo… já ninguém quer ler notícias de ontem! Hoje tive essa prova, sai da redacção para ir fazer uma reportagem, cheguei ao local e mesmo diante os meus olhos uma parede branca coberta de jornais desmembrados em folhas soltas misturados por os vários títulos nacionais serviam de decoração do evento…Olhei mais a fundo e começo a ver bocados de notícias escritas por mim, essas mesmas linhas que me tiraram o sono, que troquei mil vezes as palavra em procura de um melhor significado pregadas aos pedaços num mural, sem nexo, sem sentido, a servirem de papel de parede…Só um sorriso me brotou na face, confirmei o livro que me tinha feito pensar no jornalismo, pensei no que fazia e deu-me gosto fazê-lo, afinal não é o tempo que conta mas a intensidade do momento…e depois quando percorro os arquivos dos jornais e leio notícias de épocas muito anteriores percebo que me fazem rever o passado melhor do que qualquer história! E acreditem que há por aí autênticas relíquias em arquivos, afinal ainda há lugares que perpetuam as notícias de hoje que para alguns já são velhas amanhã…mas é isso que faz a essência…Que hajam muitas mais notícias velhas todos os dias, para que possa dar muitas mais novas todas os outros dias que faltam percorrer…

1 comentário:

E-dit disse...

Esqueceste te de uma utilidade importantíssima para as folhas de jornais... são óptimas para limpar vidros das janelas de casa... olha que eu sei, não fosse eu um Desperate Househusband... Beijos