terça-feira, outubro 09, 2007

A ver camélias...

A cabeça deitada sobre a mesa. É assim que deve ficar. Abismos de prudências. Digo isto, salvaguardando-lhe a forma, o medo, as ganas, o imaginário. Descanso o desassossego de lhe dar utilidade. Pausa de pensamentos. Lá fora, continuam a crescer as camélias ou as rosas-do-japão. Chamem-lhe o que quiserem, mas não lhe desafiem é o cheiro. Com a cabeça na mesa, são do comprimento da minha altura que cresceu sem aviso prévio. Um dia estiquei-me e fiz-me gente. Um bom girassol dá-me, mais ou menos, pela barriga. Não se trata de sonolência. Não é preguiça. É, somente, o tempo todo adiado a ver camélias puras.

6 comentários:

Anónimo disse...

Os sentidos alinhados no tampo de uma mesa.

Andreia Azevedo Moreira disse...

Tens uma maneira única de expôr os sentimentos! ADOREI!

Anónimo disse...

Pausas fazem respirar.

Anónimo disse...

"Um dia estiquei-me e fiz-me gente". :) :) :) :)

Anónimo disse...

Faz de conta que ninguém vai ler. No fundo, isto é só um mundo secreto e inominável. Digo vontade como podia dizer rebentar. Evasões que saciam os sentidos, e até dão cor verde. És como as plantas de cores, cheiros. És demasia.

Nota sem ser prévia: Todas as espécies de Camélias são designadas, na China, pela palavra mandarim (茶) "chá":)

Anónimo disse...

Vendes muito bem o teu peixe!