sexta-feira, maio 05, 2006

A melhor notícia do mundo...

Cheguei um pouco atrasada, mas soubesse eu e teria corrido só para ter sabido mais cedo. Há anos que ando a esperar eu e mais uns milhares, há uns anos que nos tinham tentado retirar a alma ou a fonte de desenvolvimento, mas em vão, ninguém apaga o intrínseco o crescer, viver e por aí. No entanto, só quem sente apego pode perceber o que tento dizer, só quem sabe o que é o cheiro do minério misturado como o do campo, percebe o significado destes sorrisos rasgados.
Não sou do tempo áureo desse porto de modernismo e avanço do País, mas sou do tempo de laboração, e é q.b. para saber como era e com é.
Todos os dias atravessava esse bairro pela mão, com um chapéu na cabeça, dava passos grandes, demasiado até para o meu tamanho, para poder acompanhar e chegar a horas de entregar a cesta de verga, com o pano aos quadros que embrulhava a marmita para não arrefecer. Atravessava a gruta que dava acesso ao outro lado, lá dentro uma escuridão e depois um monte de homens com as caras tisnadas e luzes na cabeça.
Era num folgo que corríamos para ver o elevador descer para o centro da terra e ali ficávamos parados agarrados aos ferros, a ver o quão fundo ia. Eram os vagões o nosso melhor esconderijo e motivo de piqueniques, pedras de minério que brilhavam ao sol pesavam nas mochilas ao regressar para casa. A terra das rochas o melhor cimento para esculturas, desenhos e brincar aos adultos. A água forte o nosso maior receio, diziam que quem caísse para lá já mais voltaria a vir, contornávamos essas lagoas de água castanha, vermelha mandando pedaços de coisas para ver o que acontecia...Só mais tarde percebi que só com o tempo corroía.
É por todos estes motivos e mais alguns, por amor sim no sentido mais puro, que hoje os sorrisos me escorrem, que os olhos brilham e se enchem de pedaços de sal. A desconfiança é algo a que nos habituamos, mas hoje parece ser mesmo a sério e a notícia ecoa de boca em boca, e cada vez que alguém me encontra tão feliz e alegre no seu entusiasmado como eu, me diz: Já Sabes, a mina vai reabrir! E são pedaços de coisas genuínas, enrolados no desejo de voltar a ver a azafama e raiz cultural de um povo a renascer, que me faz hoje ancorar as melhores coisas que se possam imaginar no músculo. Hoje não vos sei explicar só mesmo sentir...

4 comentários:

Anónimo disse...

"os olhos brilham e se enchem de pedaços de sal"

Pedaços de sal que se manisfestam de forma positiva, muitos vão rolar mas de felicidade. Conheçendo essa terra, sei que A Mina é a sua Alma, e a alma de um povo que volta a sim a ver renascer de baixo da terra a esperança de dias melhores. Sei o que sentes porque sou de uma terra de mina e de familia de mineiros...lool

Bêjoooos grandes****

Anónimo disse...

ai que sais para a rua mais contente que um puto:) so quem tem alma grande ama intensamente.
bjokas

Anónimo disse...

O TITULO DIZ TUDO MAS NEM TUDO ESTA FEITO!!EU K SOU DA TERRA (PELO MENOS DE ALMA E CORAÇAO)!! SINTO UMA GRANDE ALEGRIA POR TODOS K AMAM ,VIVEM E RESPIRAM A VILA MINEIRA!!K SEJA POR MUITO TEMPO ESTA GRANDE ALEGRIA!!VIVA A BELA VILA MINEIRA!!VIVA ALJUSTREL!!E A SUA LUTA K NUNKA PAROU!!NEM PARA!!! AVANTE!!

Anónimo disse...

...Sem se quer ler a noticia apercebi me logo que era da reabertura da mina..
Mas depois de ler senti mesmo, o que é a alegria e a felicidade colectiva.
ADOREI a tua historia real,que nos toca mesmo la no fundo,nao da mina mas do coraçao!!!